sábado, 13 de dezembro de 2008

Kizomba rumo ao Fórum Social Mundial



[...] O FSM consolidou-se como espaço de debate para aprofundar reflexões, formulações, trocas, articulações ,e claro, organização da luta contra ao imperialismo e a ordem neoliberal. O incrível aumento no numero de participantes traz visibilidade e também desafios. É certamente hoje o principal espaço de expressão da esquerda mundial e a partir dele é possível avaliar em que medida uma nova esquerda emerge e se recompõem.Características e estratégias [...]

O que é o FSM e de onde veio?

O Fórum Social Mundial é fruto de uma conjuntura política de resistência global ao capitalismo.

Em 1998 a tentativa de firmar acordos multilaterais de investimento no âmbito da OCDE foi respondida com uma série de manifestações. Em vários lugares do mundo milhares foram as ruas. Em Seattle contra a OMC, em Washington levantamos nossas vozes questionando o FMI e o Banco Mundial, em Praga a Reunião de Governos foi seguida por protesto e em Genova onde a morte do jovem Carlo Juliane nos lembra da resistência ao G8. A partir de então onde "Eles" estavam ali também iam os movimentos sociais dizendo em alto e bom som que somos contra a ordem neoliberal.

Entretanto surgia uma questão: como articular todas essas lutas que, apesar de apontar no mesmo caminho, não estavam conectadas organicamente? O Fórum Econômico de Davos, realizado na Suíça trouxe o desafio de apresentar um contraponto e deu a dica.Enquanto os representantes das grandes nações do mundo se reunissem para debater e coordenar suas ações os movimentos fariam o mesmo. Surgiu assim o Fórum Social Mundial como símbolo de uma globalização contra hegemônica.

Saltamos para uma etapa propositiva onde a elaboração de uma agenda de lutas em comum e de convergências entre movimentos sociais foi assumida como central. Um conjunto de iniciativas de promoção de intercambio entre movimentos sociais e ONGs, suas práticas e conhecimentos contra a exclusão global, autoritarismo político e imposição cultural ou seja, contra a globalização neoliberal foram organizadas.

O FSM consolidou-se como espaço de debate para aprofundar reflexões, formulações, trocas, articulações ,e claro, organização da luta contra ao imperialismo e a ordem neoliberal. O incrível aumento no numero de participantes traz visibilidade e também desafios. É certamente hoje o principal espaço de expressão da esquerda mundial e a partir dele é possível avaliar em que medida uma nova esquerda emerge e se recompõem.

Características e estratégias

Todavia o sucesso do FSM está intimamente ligado a manutenção de três características. Primeiro deve seguir sendo plural à medida que múltiplas matizes do pensamento de esquerda devem continuar se encontrando nele. A luta contra o capital não é patrimônio de uma só orientação ideológica. Segundo é central que se mantenha diverso, ou seja, os diferentes movimentos e organizações políticas devem estar representados e atuantes. O movimento de mulheres, os campesinos, combate ao racismo, a juventude, os sindicalistas, LGBT enfim, cada parte do corpo cumpre uma função e nenhuma pode ser substituída.

Terceiro o Fórum só encontra conseqüências concretas ao consolidar-se como permanente, ou seja, que seja compreendido como um processo que começa nas cidades, bairros, locais de militância e continua na volta de Belém. É fundamental que o FSM seja precedido e sucedido por uma articulação entre a pauta proposta e discutida e a luta local.

Os eventos paralelos e os Fóruns regionais e temáticos tem ajudado a fortalecer o processo Fórum contudo não são capazes de substituir a construção local. É nesse contexto que os comitês de mobilização são uma política central para o sucesso do próprio FSM.

A construção dos comitês de juventude tem o objetivo de mobilizar fazendo a conexão da pauta local com as temáticas e desafios assumidos pelo comitê internacional.

Mas como fazer os Comitês?

É preciso articular amplos setores da sociedade e, no caso da universidade, DCE, CA´s, grupos organizados (mulheres, movimento negro, LGBT, juventude) e estudantes como parte do comitê.

A partir disso convoque uma reunião de formação deste. Nessa reunião é importante reafirmar a função do Fórum como instrumento de disputa da sociedade e apresentar um breve histórico das edições (como surgiu, para que surgiu, em qual momento, qual papel se propõe hoje, etc). Ainda nessa reunião é importante fazer a discussão sobre a importância do comitê, situando a participação das pessoas e grupos no processo de mobilização do FSM 2009.

A divisão das tarefas deve se adaptar a dinâmica que mais convenha a cada realidade. Em Brasília formamos quatro comissões para propor encaminhamentos e pautas ao comitê:

1) Mobilização e Formação: Responsável por propor e organizar os debates e atividades sobre o FSM bem como fazer a interlocução com os movimentos sociais, chamando-os para participar e contribuir com o comitê.

2) Organização e Comunicação: Criar mecanismos de comunicação das atividades do comitê com todas/os estudantes, assim como a juventude da região, como criação de blog, lista de email, banquinha de informação, divulgação impressa, etc. Além de fazer o contato com o comitê organizador do FSM, cadastrando o comitê local junto a organização e estrutura do Fórum. Também, cabe a esta comissão garantir a comunicação entre os próprios participantes do comitê.

3) Logística e Infra-estrutura: Responsável por pensar meios para garantir o transporte de cada cidade para Belém na data do FSM bem como pensar uma logística no Acampamento da Juventude. É interessante que esse grupo de pessoas entrem em contato com a organização do acampamento avaliando inclusive como cada delegação pode contribuir. Organizar delegações organizadas e sintonizadas com os desafios do acampamento é um desafio para nós da Kizomba.

4) Cultural: Propor e organizar atividades culturais motivadas pela temática do Fórum além de mobilizar também as/os estudantes a expressarem-se promovendo sua participação no FSM.

Vale a preocupação de não esvaziar o comitê pelas comissões, para isso é importante garantir o caráter aberto e plural desse espaço afirmando a diversidade de opiniões e idéias e buscando sempre viabilizar consensos! A construção de um novo mundo possível passa também pela construção de espaços mais amplos e democráticos!

Por Kizomba DF

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