Município registra mais de mil pessoas desabrigadas e ainda se recupera da cheia de 2009; vítima desabafa: 'Vi minha vida descer rio abaixo'
As chuvas que provocaram inundações no Vale do Paraíba deixaram fortes marcas em Viçosa, município distante 96 quilômetros de Maceió. Até o momento, a Defesa Civil Estadual já registrou oito mil pessoas afetadas, incluindo moradores da urbana da cidade de pouco mais de 26 mil habitantes, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), concluído em 2009.
O prefeito daquele município, Flaubert Filho (PTB), diz que o Executivo tem feito o possível para assistir os desabrigados da forte chuva que praticamente destruiu quase 30 municípios alagoanos, devastados por enchentes - provocadas pela elevação de rios e lagoas - na semana passada. “Inicialmente, providenciamos atendimento emergencial, com alimentação e abrigo temporário. Agora estamos trabalhando para dar início à construção de casas que possam proporcionar conforto aos desabrigados, assim como viabilizar as aulas, que deveriam começar em cinco de julho”, informa o prefeito, sobre a preocupação para com o cumprimento do calendário escolar, já prejudicado devido aos prejuízos oriundos da chuva, já que os milhares de desabrigados ocupam as escolas da região.
Segundo a Defesa Civil, dos oito mil afetados, 500 estão desalojados, 1.256 desabrigados, e 100 deslocados de áreas de risco. Além destes, 47 pessoas ficaram levemente feridas, enquanto que as demais foram ao menos indiretamente afetadas pela tragédia, como no caso de moradores que tiveram parte de suas residências danificadas.
As perdas materiais incluem 330 casas destruídas, além de 100 danificadas. Para amenizar a situação, os abastecimentos de água e energia, além do serviço de transporte público, estão sendo normalizados aos poucos. Contudo, a maior dificuldade, segundo a Prefeitura, tem sido o sistema de comunicação, que ainda não voltou a funcionar. "Em apenas dois pontos é possível fazer uma ligação telefônica. Além disso, a comunidade da Cascuda e os quilombolas do Gurgumba continuam isolados", emenda o prefeito, salientando que 35 homens do Exército estão na cidade para recuperar as pontes de acesso danificadas.
Outra preocupação do prefeito Flaubert Filho representa um antigo problema do município: a existência de desabrigados de cheia registrada ainda em 2009. Segundo a Prefeitura, 22 famílias permanecem no Estádio Teotonio Vilela desde o ano passado. Além disso, 60 famílias estão morando em casas de aluguel mantidas pela Prefeitura, enquanto que outras 58 vivem em casas temporárias, construídas, segundo o prefeito, com recursos próprios. “Acredito que desta vez a burocracia do Governo Federal será minimizada, para que nós possamos construir mais casas e entregá-las a quem precisa. Afinal, já temos o terreno, na Fazenda Santa Ana”, revelou.
Roberto Joventino é um dos 1.256 desabrigados. Ele é professor e atua como diretor da Escola Municipal São José. No dia 18 de junho, ele estava viajando a trabalho, enquanto sua esposa grávida de três meses e os dois filhos presenciavam a enchente. O fundo da casa onde moravam no Gurganema foi levado pelas fortes águas do Rio Paraíba e eles perderam quase tudo. “Minha vida desceu rio abaixo. Só recuperamos a TV e os documentos. Meus livros, meu diploma, as fotos da infância dos meus filhos e outros bens materiais foram embora. A sorte foi que eu deixei a minha moto na escola onde trabalho”, recorda.
O professor conta com a solidariedade de alunos e pais de alunos que fizeram algumas doações e que também colaboram com a limpeza do que sobrou. Roberto Joventino e família estão morando no galpão do Colégio Municipal São José.
Fonte: GazetaWeb
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