A
ação responde a uma demanda histórica dos movimentos sociais e representa uma
prioridade apresentada pelos jovens que participaram da 1ª e 2ª Conferencia
Nacional da Juventude.
Para reduzir o crescente número de
homicídios que atingem os jovens negros de todo o País, foi lançada nesta
quinta-feira (27), em Maceió, Alagoas, a primeira etapa do Plano de Prevenção à
Violência Contra a Juventude Negra, intitulado de Juventude Viva. Serão
investidos, aproximadamente, R$ 70 milhões em recursos novos, distribuídos em
mais de 30 iniciativas que integram 25 programas federais.
A iniciativa irá contemplar, em
caráter de projeto-piloto, a capital do estado e também os municípios de
Arapiraca, União dos Palmares e Marechal Deodoro.
Dois motivos foram responsáveis pela
escolha de Maceió como primeira cidade a receber o plano. Primeiro, por ocupar
a 2ª posição entre os 132 municípios que concentram mais de 70% dos homicídios
registrados no País. Segundo, por ter sido também a primeira cidade a abrigar o
Programa Brasil Mais Seguro, do Ministério da Justiça, que após três meses já
apresenta avanços na redução dos índices de violência.
Além de Maceió, outras três cidades
do estado integram essa lista: Arapiraca (30ª posição), Marechal Deodoro (119ª)
e União dos Palmares (123ª). A meta do governo federal é, a partir da
experiência inicial, estender a iniciativa para os 132 municípios mais
violentos do País.
AÇÕES
Entre as ações que serão
desenvolvidas, foi mencionada pela ministra da Secretaria de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, a adoção de aulas em
período integral nas escolas estaduais; a criação de espaços culturais em
territórios violentos; e o estímulo ao empreendedorismo juvenil, principalmente
quando associado à chamada economia solidária.
Também estão previstas ações de
capacitação dos profissionais que atuam com os jovens, em especial os
policiais.
"Será extremamente importante o
trabalho que faremos com as forças policiais para que possamos ter um
comportamento diferenciado em relação aos jovens, especialmente em relação ao
jovem negro que, por conta da discriminação racial, acaba sendo mais atingido
por essa violência", disse Luiza.
Com o plano, serão beneficiados não
apenas jovens negros de 15 a 29 anos, mas toda a população das regiões
contempladas com as iniciativas. “A instalação de uma praça de cultura em um
bairro de maioria negra faz toda a diferença para toda a população",
acrescentou.
(clicar na imagem acima para visualizar as ações em Alagoas)
PREVENÇÃO
O Plano de Prevenção à Violência
Contra a Juventude Negra – Juventude Viva é resultado de uma intensa
articulação interministerial, que foi debatido também com movimentos e
entidades da sociedade civil na 1ª e 2ª Conferencia Nacional da Juventude, em
2008 e 2011.
Através do Juventude Viva serão
realizadas ações de prevenção, que visam reduzir a vulnerabilidade desses
jovens, criando oportunidades que assegurem sua inclusão social e autonomia,
com a oferta de equipamentos, serviços públicos e espaço de convivência nos
territórios mais violentos, além do aprimoramento da atuação do Estado para
enfrentar o racismo institucional e sensibilizar os agentes públicos para o
problema.
O plano foi elaborado com a parceria
dos ministérios da Justiça, Saúde, Educação, Trabalho e Emprego, Cultura e
Esporte e está sob a coordenação da Secretaria-Geral da Presidência da
República, por meio da Secretaria Nacional de Juventude, e da Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
NO
BRASIL
De acordo com dados do Ministério da
Saúde, 53% dos homicídios registrados no Brasil atingem pessoas jovens sendo
que, desse total, mais de 75% são negros, na maioria do sexo masculino e de
baixa escolaridade.
Os dados revelam ainda que ao longo
da última década esses índices vêm crescendo. Enquanto as mortes de jovens
brancos caíram de 9.248 em 2000 para 7.065 em 2010, a morte de jovens negros
cresceu de 14.055 para 19.255 no mesmo período.
O Mapa da Violência 2012, estudo do
Instituto Sangari, revela que a soma de homicídios em dez países que lidam com
conflitos armados, entre eles Iraque, Índia, Israel e Afeganistão, é menor que
o total de homicídios ocorridos no Brasil no período de 2004 a 2007 (147.373
contra 157.332).
BRASIL
MAIS SEGURO
Após o lançamento do Brasil Mais
Seguro, no último dia 26 de junho, foi percebida queda no número de mortes
violentas e intencionais, ou seja, homicídio doloso, resistência seguida de
morte, lesão corporal seguida de morte e latrocínio. Em Maceió, houve
diminuição de 7,52% e em Arapiraca, de 37,14%. O programa teve reflexo em todo
o estado, que apresentou queda de 5,05% nos crimes letais.
Em dois meses, foram realizadas
prisões de grandes traficantes locais e quadrilhas de latrocínios (roubo
seguido de morte). O número de telefonemas pela população ao disque denúncia
aumentou em 16,20%, sendo que 46% das ligações eram denúncias sobre tráfico de
drogas e 12% de homicídios.
As apreensões de armas de fogo
mantiveram o aumento em comparação a 2011 de 15,61%. Nos inquéritos
instaurados, já foram identificados os autores em 69% dos causos. A Força
Nacional recebeu o reforço de 15 motos, que foram empregadas no policiamento
ostensivo em toda região metropolitana de Maceió. Em junho, houve a entrega de
quatro viaturas, 20 fuzis, 20 pistolas, 20 capacetes e escudos balísticos à
Polícia Militar.
O programa irá destinar, por meio do
Ministério da Justiça, R$ 25 milhões só para ações no estado. A iniciativa
prevê o enfrentamento ao crime organizado, reestruturação das áreas de perícia
e justiça criminal, monitoramento e ocupação de áreas com maiores índices de
crimes violentos. Também é feita campanha de desarmamento, para reduzir o
número de armas em circulação e a promoção da cultura de paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário