Por um movimento estudantil ativo, capaz de canalizar a vontade de todos para a luta pela Nova Universidade e por mudanças no Brasil
O movimento estudantil tem grande papel a cumprir na disputa de rumos que se trava no Brasil. A União Nacional dos Estudantes sempre foi protagonista das lutas e conquistas democráticas na história recente do nosso país. Os estudantes brasileiros têm muita vontade e disposição para lutar.
Somos a geração dos 70 anos da UNE, que com muita criatividade tem renovado os fóruns e espaços de organização da nossa entidade. A consolidação do trabalho cultural, com destaque para a realização da 5ª Bienal e o fortalecimento do CUCA, somados às intervenções nas áreas de sexualidade e gênero, meio-ambiente, políticas públicas para juventude e a articulação da Coordenação dos Movimentos Sociais, são medidas importantes para diversificar a atuação da UNE e ampliar sua capacidade de intervenção política.
Mas ainda há muito a ser feito. Para isso, além da vontade de mudar, é preciso organizar e fortalecer a nossa rede nacional. A UNE em toda a sua história sempre precisou da força dos Centros Acadêmicos (CAs), dos Diretórios Centrais dos Estudantes (DCEs) e das UEE´s para difundir suas lutas e campanhas, buscando atingir os estudantes no seu dia-a-dia, no seu cotidiano e no interior de cada campus universitário.
Com a realização do 11º CONEB, em abril de 2006, demos passos importantes para a consolidação da rede do movimento e para a unidade dos estudantes em torno de um Projeto Nacional de Desenvolvimento e transformação da educação. Os CA´s de todo Brasil aprovaram no 11º CONEB um novo método para a eleição de delegados(as) ao Congresso da UNE. A eleição por universidade representa um novo marco na participação direta dos milhões de estudantes universitários nos rumos e decisões da UNE. Amplia a participação na base e qualifica politicamente o Congresso, principal fórum da entidade. As universidades se envolvem de maneira mais profunda no debate sobre os rumos da UNE criando um espaço mais amplo para a polêmica e troca de idéias com as chapas apresentando de modo aberto, para todos os estudantes, suas visões sobre os caminhos do movimento estudantil, fazendo ainda mais vivo e pulsante o processo do Congresso,
Democratizar as finanças da UNE e do movimento
Com a implementação do Programa de Reforma Estrutural da UNE e a incorporação de metodologias de planejamento estratégico, nossa entidade passa por uma nova fase em sua organização interna. Isso propiciou maior transparência nas contas da entidade, que passou a experimentar mecanismos de decisão democrática na elaboração do orçamento. As receitas e despesas da UNE são hoje divulgadas e aprovadas semestralmente. Mais avanços ainda são necessários, portanto o Congresso da UNE aprova a organização do Conselho Fiscal da Entidade, a ser regulamentado pela diretoria executiva.
Comunicação
A UNE deu um grande passo quando consolidou seu Departamento de Comunicação, hoje responsável pela assessoria de imprensa da entidade, pela manutenção do portal estudantenet, pela produção de seus materiais impressos, da mala direta, do boletim eletrônico e da revista Movimento. A qualidade da comunicação da entidade tem avançado bastante, contudo, ainda são necessários mais canais diretos não somente de diálogo, mas também de informação e contra-informação. A UNE precisa entrar de cabeça nas campanhas pela democratização dos meios de comunicação e pela proliferação da cultura livre, através das rádios comunitárias, dos canais públicos e universitários de TV e da divulgação da produção áudio-visual dos estudantes brasileiros, lutando inclusive pela criação da TV da UNE. Para aperfeiçoar o debate interno sobre comunicação, o Congresso da UNE aprova a criação do Conselho Editorial, a ser regulamentado pela diretoria executiva.
A cultura associada às ações do movimento estudantil
Outro palco importante tem sido o das culturatas (manifestações de rua associadas a intervenções artísticas) realizadas em meio à programação das Bienais da UNE. A última edição da culturata, além de reivindicar a aplicação de 2% do PIB em cultura, protagonizou um dos momentos mais marcantes da história de nossa entidade, quando retomamos a posse do terreno do Flamengo, que abrigou a sede histórica da UNE até 1964 – quando a ditadura militar a tomou dos estudantes. Ao contrário daqueles que advogam uma cultura “asséptica”, distante do engajamento e dos problemas da vida real, pensamos que a experiência da cultura como ato ou intervenção política deve ser incorporada também pelas entidades estudantis em suas manifestações.
Aos poucos os CUCAs vão se tornando uma grande rede de jovens artistas espalhada pelo Brasil. Esse projeto se associa ao conceito de que a cultura, quando devidamente instigada, pode transformar a realidade e contribuir para a democratização da cultura. Por isso defendemos a ampliação e a criação de novos CUCAs.
As mulheres também se organizam na rede do movimento estudantil
As mulheres representam 51,25% da população brasileira. Desse total, a maioria habita as áreas urbanas e 27,5% é composto de mulheres jovens, com idade entre 15 e 21 anos. Apesar dos avanços constatados, por exemplo, na escolarização, as mulheres continuam sofrendo bastante com a opressão machista, seja ela aberta ou dissimulada.
Ainda há poucas mulheres nos postos de decisão. Em geral elas permanecem concentradas em profissões ditas femininas. Recebem em média 30% menos do que os homens, ainda que tenham nível de escolaridade em geral superior ao deles.
Os dados de violência contra a mulher são assustadores. Pesquisa da Fundação Perseu Abramo conclui que cerca de 2,1 milhões de mulheres são espancadas por ano no Brasil – 175 mil ao mês, 5,8 mil ao dia, 243 por hora, 4 por minuto ou uma a cada 15 segundos.
Para discutir esses e outros problemas a UNE organizou encontros de mulheres e tem participado ativamente da luta feminista. Mas é preciso ir além, definindo campanhas concretas e participando ainda mais das iniciativas unitárias promovidas pelas entidades ligadas à área.
Ampliar a democracia e lutar pela igualdade social sempre foram premissas do movimento estudantil. A UNE apóia as diversas lutas sociais, sempre representadas em seus fóruns. No último congresso de nossa entidade um grande avanço foi implementado: a criação da diretoria GLBT. Com isso, a luta contra a opressão e o preconceito ganhou papel estratégico na pauta do movimento estudantil, que pretende levar esse debate para dentro das universidades.
É preciso ainda levar adiante os debates e encontros que a UNE tem feito como o Encontro de Negros e Cotistas, a participação nas campanhas de inclusão digital e democratização dos meios de comunicação, além da articulação com as Associações Atléticas e o movimento de jovens cientistas.
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